A jornada sobre o tema “O Mundo visto de Fátima” aconteceu no contexto do centenário do jornal Voz da Fátima, a mais antiga publicação do santuário. Comunicadores refletiram sobre os desafios da transição digital, o futuro da imprensa cristã, e a importância do jornalismo de proximidade na III Jornadas de Comunicação do Santuário.
O presidente do Dicastério da Comunicação da Santa Sé, Paolo Ruffini, abriu a III Jornada de Comunicação do Santuário de Fátima no dia 28 de abril. Paolo Ruffini defendeu que os órgãos de informação cristãos não podem “encarar com receio a revolução digital”. Pelo contrário, a internet e as redes sociais devem ser vistos como uma forma privilegiada para chegar mais próximo das pessoas. “A Internet não significa a morte dos meios tradicionais”, defendeu e devem servir “para criar uma nova imaginação cristã na comunicação”.
Numa das intervenções, Felisbela Lopes, Doutorada em Ciências da Comunicação e docente da Universidade do Minho na área do Jornalismo, defendeu que os jornais cristãos devem criar uma agenda alternativa. Para a docente, a imprensa de inspiração cristã deve “promover a responsabilidade ética”, e “dar voz a franjas sub-representadas” e empenhando-se na construção da verdade. À tarde, decorreu uma mesa-redonda sobre os custos da transição digital e foram apresentados cinco exemplos positivos de publicações que conseguiram ultrapassar diversas dificuldades, Voz Portucalense, Folha de Domingo, Voz da Verdade, Voz da Fátima e o boletim internacional Fátima Luz e Paz.
Do programa desta III Jornada fez parte a antestreia documentário “Páginas de Fátima”, de Joaquim Franco, jornalista da TVI, que percorre as páginas do jornal centenário. Foi também apresentado um estudo do perfil do leitor do jornal Voz da Fátima. Com mais de 60 mil assinantes, Voz da Fátima é o mais antigo projeto de comunicação do santuário. O primeiro número do jornal foi editado a 13 de outubro de 1922. O reitor do Santuário de Fátima e diretor da publicação, Pe. Carlos Cabecinhas, defendeu uma maior aposta da Igreja nos meios de comunicação, e lembrou que a comunicação é missão da Igreja.
No encerramento, D. José Ornelas Carvalho, bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, sublinhou que “hoje vivemos num tempo particularmente desafiador porque tudo está a mudar, inclusive os próprios meios de comunicação” e que a comunicação da Igreja também tem que responder a esse desafio.
O encontro foi organizado pelo Santuário de Fátima, teve participação presencial, no Centro Paulo VI em Fátima, e “online” e contou com mais de uma centena de inscritos.
Fotografias: Ricardo Perna/Família Cristã, Agência Ecclesia