Palabek não é o tradicional campo de refugiados africano; é um assentamento onde coexistem ugandenses locais do norte do país e recém-chegados, principalmente do Sudão do Sul. A área fronteiriça tornou-se o lar de mais de 70.000 refugiados, 60% dos quais têm menos de 13 anos de idade.
As estradas vermelhas e secas do Uganda levam à cidade fronteiriça de Palabek. Ao longo da rua, dezenas de crianças e mulheres carregam água em galões amarelos de plástico ou bacias com cachos de bananas.
Palabek não é o tradicional campo de refugiados africano; é um assentamento onde coexistem ugandenses locais do norte do país e recém-chegados, principalmente do Sudão do Sul. A área fronteiriça tornou-se o lar de mais de 70.000 refugiados, 60% dos quais têm menos de 13 anos de idade. Os habitantes de Palabek falam a língua Acholi, sejam eles ugandenses ou sudaneses do Sul. Milton Obote, o antigo presidente do país, veio do povo Acholi – foi eleito duas vezes para o cargo e é considerado o “Pai da Independência do país”. O assentamento foi inaugurado em 2016, como resposta à crescente onda de refugiados do Sudão do Sul que fogem do brutal conflito armado. O local oferece refúgio a muitas pessoas que perderam as casas e os seus entes queridos, devido a conflitos e perseguições.
Os salesianos trabalham em Palabek desde 2017. Estabeleceram escolas, uma paróquia; construíram uma igreja e 17 capelas em aldeias vizinhas; ajudam na educação, na distribuição de alimentos e no trabalho pastoral. Organizam o tempo livre dos jovens propondo a prática de desportos e música, e dão grande espaço à educação, através de um Centro de Formação Profissional. A educação é uma das ferramentas mais eficazes que os jovens refugiados podem utilizar para construir o seu futuro. A frase Rebuilding lives (Reconstruir vidas) é o lema estampado nas camisolas dos jovens do CFP: os salesianos ajudam a reconstruir vidas destruídas pelo ódio e pela guerra.
O Pe. Ubaldino Andrade, sdb, que trabalha na missão, afirma que em Palabek a lista de desafios é muito longa. “Aqui precisamos de mais salesianos. Muitos jovens crescem sem os cuidados dos pais que regressaram ao Sudão do Sul, deixando os filhos aos cuidados de terceiros, pondo em risco o seu desenvolvimento”, afirma.
O salesiano explica que os refugiados vivem em extrema pobreza, trabalhando arduamente todos os dias para sobreviver, comendo muito pouco, às vezes apenas uma vez por dia. Muitos menores são obrigados a abandonar a escola e a trabalhar. Os poucos que conseguem ir à escola precisam de percorrer longas distâncias – até 10/15 quilómetros para ir e outros tantos para voltar – sem material didático ou alimentação. Muitas meninas engravidam e abandonam a escola. Muitas crianças tornam-se mães e pais ainda jovens, sem meios de subsistência, sem experiência, sem trabalho.
O Uganda é conhecido pela sua política humanitária única em matéria de refugiados. O país acolhe os refugiados de braços abertos e concede-lhes o direito ao trabalho e à liberdade de circulação. Esta abordagem difere da situação de muitos outros países, que muitas vezes limitam a circulação e as oportunidades de emprego dos recém-chegados. Apesar das difíceis condições de vida e do trauma que sofreram, os refugiados de Palabek formam uma comunidade baseada no apoio mútuo e na solidariedade. As autoridades locais e as Organizações Não Governamentais trabalham para garantir a segurança e manter a paz. Também os residentes das aldeias e cidades vizinhas partilham frequentemente os seus recursos com os refugiados e ajudam-nos na integração.
Segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) relativos a 2022, no Uganda vivem atualmente quase 1,5 milhão de refugiados de diferentes países: Etiópia, Somália, Congo, Ruanda, Burundi, Eritreia, Sudão e Sudão do Sul, dos quais cerca de 70 mil vivem em Palabek, 83% deles são mulheres e crianças; 25%, jovens entre 15 e 24 anos.
Texto adaptado de ANS
Fotografias: ANS
Publicado no Boletim Salesiano n.º 600 de setembro/outubro/novembro/dezembro de 2023
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