O Pe. Fabio Attard chegou na tarde de ontem, 25 de março, pelas 17 horas em Itália, menos uma em Portugal, a Valdocco. Foi recebido pelos participantes do CG29, observadores e convidados, entre eles uma representação das Filhas de Maria Auxiliadora, presidida pela Madre Geral Ir. Chiara Cazzuola. Após a Profissão de Fé, o Pe. Fabio Attard falou ao Capítulo Geral 29.
A eleição, ontem, do Pe. Fabio Attard para Reitor-Mor dos Salesianos teve um elemento inédito. Na história dos 29 capítulos gerais anteriores ainda não tinha sucedido que a maior parte dos votos recaísse num membro da Congregação ausente da reunião magna. Por esse motivo, o programa do dia de ontem sofreu alterações para permitir que o Pe. Attard viajasse até Turim para, perante a assembleia do Teatro Grande de Valdocco, fazer a Profissão de Fé e falar aos capitulares.
“A pessoa mais importante hoje não é Fabio Attard”
Outro facto curioso, o Padre Fabio Attard, 66 anos de idade, 45 de vida salesiana, é o primeiro salesiano maltês a ocupar o cargo de Reitor-Mor. Na história, desde o fundador até 1995, os Superiores da Congregação foram sempre salesianos italianos: São João Bosco, Beato Pe. Miguel Rua, Pe. Paulo Albera, Beato Filipe Rinaldi, Pe. Pedro Ricaldone, Pe. Renato Ziggiotti, Pe. Luís Ricceri e Pe. Egídio Viganò. A partir daí foi eleito o Pe. João Vecchi, argentino, o Pe. Pascoal Chávez, mexicano, e o Cardeal D. Ángel Fernández Artime, espanhol.
Chegado a Turim, o novo Reitor-Mor dos Salesianos foi recebido em ambiente de festa e com aplausos. A cerimónia foi transmitida em direto pela Agência de Notícias Salesiana e acompanhada por milhares de pessoas nas redes sociais.
Seguiu-se o Rito Oficial da Profissão de Fé, que incluiu a leitura de alguns artigos das Constituições e uma passagem do Evangelho que recorda o Serviço da Autoridade. Depois da Profissão de Fé, o Pe. Fabio foi cumprimentado pelos capitulares que o aguardavam no Teatro Grande e falou à audiência.
Paixão por Deus e fidelidade profética
“A pessoa mais importante hoje não é Fabio Attard”, começou por dizer. “O mais importante é a Congregação. Este é um gesto que demostra vitalidade, e demonstra um desejo que essa vitalidade continue”.
“Esta escolha, afirmou, de uma pessoa, para assumir um serviço, para num período, depois da qual virão outras”, é uma manifestação da “força de um Deus que continua a criar, a redimir e a santificar. Um deus trinitário. Que nos pede, a cada um de nós, Salesianos de Dom Bosco, para se abrir a esta história de salvação, a esta história de Jesus Cristo”.
Referindo-se ao tema deste capítulo, “Apaixonados por Jesus Cristo, Dedicados aos Jovens – Por uma vida fiel e profética da nossa vocação salesiana”, o Pe. Fabio Attard assinalou como interessante o facto de os últimos três capítulos terem abordado a identidade do Salesiano. E reforçou que neste momento é isso que importa sublinhar, essa identidade, assumida e continuada, evitando as “fotocópias” pastorais. “Sabemos que é esse o perigo. Não é fácil passar de uma interpretação analítica, intelectual, para uma fidelidade profética”, admitiu.
“Caríssimos, juntos, como dizia Dom Bosco, juntos, como salesianos, somos chamados a descobrir em primeiro lugar esta paixão por Deus, porque se faltar a paixão por Deus, falta a paixão pelo Homem”.
Ser verdadeiramente servos
Lembrando as leituras das Laudes, o novo Reitor-Mor dos Salesianos, sublinhou a necessidade de servir, de ser verdadeiramente servos. Contemplar o mistério que faz do Salesiano um recetor do amor de Deus para o partilhar.
“Hoje, tal como corretamente o Papa Francisco denominou de mudança de época, temos que pensar bem no nosso serviço educativo. Qual é a dinâmica? Vertical? Somos benfeitores, patronos, prestadores de serviços ou somos servidores?”.
O Pe. Fabio Attard defendeu que o Capítulo Geral 29 deve ser uma oportunidade de levar de volta a cada Província este chamamento. “Se a época é nova, antiga é a sede”, afirmou, referindo-se às esperanças dos jovens. E defendeu que os Salesianos devem mesmo ser servos para mostrar, levar uma resposta, saciar a sede. “Uma mudança é uma grande oportunidade”, voltou a dizer, radicada em Jesus.
“Hoje Dom Bosco somos nós. Hoje Dom Bosco diz-te coragem”
No terceiro e último ponto da sua mensagem, o Pe. Fabio Attard lembrou os salesianos que servem a missão em contextos de conflito e guerra. “Não podemos esquecer os nossos salesianos que vivem em situação de guerra”. “Estão ali, a testemunhar que ser um Dom Bosco hoje vale a pena. Ucrânia, Palestina, Israel, Líbano, Mianmar, Sudão, Etiópia, República Democrática do Congo… Estes nossos irmãos precisam da nossa proximidade espiritual. Porque estão ali para testemunhar. São os mártires do novo século”.
No final, desabafou: “Quando vemos não a estima que têm por nós, mas a confiança que a Congregação deposita numa pessoa… Não a mereci. Nunca pensei, nunca”. “Hoje Dom Bosco somos nós. Hoje Dom Bosco diz-te coragem”, garantiu aos capitulares.
“Rezem por mim. Esta não é uma tarefa humana. Somos uma comunidade, somos irmãos, capazes de servir um e outro. Somos capazes de sonhar. E que possamos levar avante o projeto do Capítulo Geral com alegria e otimismo. Viva Dom Bosco!”, concluiu.
