O padre Luís Gonzaga Belo, salesiano, está há 21 anos em missão em Moçambique. Quase a regressar a Moamba, depois de um período de férias em Portugal para visitar familiares e a Província, o Boletim Salesiano entrevistou-o.
Há quantos anos está em Moçambique?
Como padre, fui para Moçambique em 1996, e ali tenho estado até à presente data. Porém, foi lá que fiz o estágio no antigo Colégio D. Bosco. Ali passei os acontecimentos do 25 de abril, assisti ao governo de transição, à independência de Moçambique e às nacionalizações, onde ficámos sem o nosso Colégio D. Bosco e sem as nossas coisas.
Há quantos anos já não vinha a Portugal?
Depois desta minha última ida para Moçambique como padre, vim a Portugal três vezes: uma no ano dois mil, a segunda no ano 2006, e a terceira neste ano de 2017, quando se celebram as comemorações do Centenário das Aparições de Nossa Senhora em Fátima.
Que atividades desenvolve e em que localidades do país?
Quando parti daqui como sacerdote, fui destinado à missão de Moatize. Ali trabalhei diretamente na pastoral juntamente com Padre Francisco Lourenço que era o diretor e pároco da Missão de Moatize. Além do trabalho pastoral próprio dos sacerdotes, dedicava-me à catequese, colaborava no apoio aos pré-aspirantes dando-lhes aulas, bem como aos jovens que frequentavam o curso de carpintaria. Estava lá também o irmão Benito, coadjutor que regressou a S. Tomé e Príncipe, seu país. Nos fins de 1999, fui enviado pelo Pe. Valentin para Moamba, a fim de assumir a Paróquia e a Missão de S. João de Brito.
A comunidade que assiste é numerosa?
Não tenho números exatos dos fiéis que frequentam a nossa Eucaristia. Contudo nas duas missas dominicais que celebramos na igreja paroquial assistem uma média de 400 pessoas e acompanhamos, presentemente, mais três comunidades cristãs: uma a 10 Km, outra a 14 km e outra a 25 km de Moamba, cerca de 160 pessoas no total.
Por ano, quantos batismos administra?
É variável, contudo poderemos contar uma média entre 30 a 35 por ano.
A comunidade tem valências sociais?
A nossa presença em Moamba deve-se ao facto de termos assumido em 1993, depois de longas conversações com o Governo de Moçambique, a atual Escola Profissional, antiga Escola de Artes e Ofícios. Não estamos em Moamba por causa da Missão, mas sim devido à Escola Profissional. Esta escola, além dos quatro cursos profissionais (Eletricidade, Serralharia, Carpintaria e Agro-pecuária) tem ainda um internato destinado aos jovens mais pobres, carenciados e órfãos. É neste campo, onde nós salesianos mais dedicamos todas as nossas forças e energias. Penso que esta é umas das obras mais bonitas que temos em Moçambique. É para aqui que converge todo o nosso valor social, dedicado sobretudo aos jovens. Esta é a nossa grande valência social.
Que sonho persegue no futuro?
O futuro somente a Deus pertence. Quanto possível, procurarei fazer da melhor forma aquilo que Ele me mostrar que é a sua vontade. Estou nas suas mãos. Contudo, gostaria de concluir as obras da ampliação da igreja paroquial e da capela de Santo António em Tenga. Assim como, o projeto da catequese e a divulgação da língua de Camões por meio da escrita.