Provincial do Médio Oriente aos alunos dos Salesianos de Lisboa: “Sede fortes na fé”

Aproveitando a presença em Lisboa dos Provinciais da Região Salesiana Mediterrânea, da qual faz também parte a Província do Médio Oriente, os Salesianos de Lisboa convidaram o Pe. Munir El Rai, Provincial do Médio Oriente, natural de Aleppo, Síria, a falar aos alunos do 11.º e 12.º ano.

O encontro, que teve lugar hoje, dia 1 de outubro, para um grupo de alunos que encheu a Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, começou com a oração da Ave-Maria conduzida pelo Pe. Munir em árabe.

O Pe. Munir começou por contextualizar a história da região e em particular da Síria, país de onde é natural e onde os salesianos têm três obras: em Aleppo (desde 1948), Damasco e Kaffroun (desde 1992). Um país em guerra há cinco anos que, segundo números da Amnistia Internacional, já matou 220 mil pessoas, e que regista 7 milhões e 600 mil deslocados e 4 milhões de refugiados numa população de 23 milhões de pessoas. Um país com uma história rica, uma civilização muito antiga, destruído. Acredita-se que Aleppo, a maior cidade síria com mais de 2 milhões de habitantes, e Damasco, a capital, são duas das cidades mais antigas do mundo.

“Digo-vos com o coração aberto que esta guerra é apenas um jogo, um jogo mundial, que todos tentam jogar. Um jogo muito sujo. Ouvimos dizer que é preciso libertar o povo, democratizar, mas são tudo palavras ocas”, lamentou. “Nunca o povo sírio quis deixar o seu país, o povo sírio ama o seu país”.

Interrogado pelos alunos, o Pe. Munir – que recentemente visitou as três obras salesianas da Síria – recordou os encontros que teve com os jovens sírios. “Infelizmente no horizonte não se veem sinais de esperança. Dizem-nos os nossos jovens que a Igreja que permanece, os salesianos, porque permaneceram, são sinais de esperança”. 

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Ao fim de cinco anos de guerra, muitos dos jovens que frequentavam os salesianos acabaram por ter que fugir, estão desaparecidos ou mortos. “É muito difícil para mim esta situação, porque sou salesiano, sou provincial desta região e sou natural deste país”, afirmou. 

“Tentamos dizer aos jovens que não fujam para muito longe, para que assim que haja condições possam facilmente regressar”. Com esse objetivo os salesianos da região têm multiplicado as formas de ajuda nos países vizinhos, como o Líbano. Também a obra de Kaffroun, na zona montanhosa no noroeste do país, tem acolhido muitas famílias deslocadas de Homs, Damasco e Aleppo. “Temos famílias acolhidas na nossa obra há dois anos”.

À pergunta de um aluno sobre como o mundo e a Europa podem ajudar, recordou um encontro recente. “Perguntaram-me: os cristãos da Europa sentem a nossa dor? Por isso a primeira forma de ajuda é a compaixão. A segunda é precisamente a que estamos a fazer hoje: informar. A terceira é rezar pela Síria e rezar pela paz. E, por último, também com ajudas materiais”. E sublinhou que esta é também uma guerra mediática e que os jovens devem procurar informar-se. 

No final, o sacerdote agradeceu ter sido recebido pelos jovens e convidou-os a serem construtores da paz. “A única forma de seguir Deus”, afirmou. “Não só na Síria, mas aqui, na vossa vida quotidiana, na vossa escola”, e pediu “sede fortes na fé”.

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