In Memoriam Pe. Fernando Eusébio de Castro

Conheci o Pe. Fernando Eusébio de Castro quando iniciou o ministério de “assistente” salesiano. E começou com grandeza: assistente de noviços. Era tarefa dada aos melhores e aos mais capazes. Já na altura distinguia-se pela afabilidade do trato, pela fidalguia de maneiras e pela nobreza de atitudes. Cultivou sempre esta maneira de ser, deu-lhe raízes e tornou-a caraterística predominante da sua personalidade.

Passou por várias casas salesianas em contextos culturais e sociais diversos e, nalguns casos, com um grau de exigência elevado. A sua atitude foi sempre procurar os pontos e as razões que pudessem unir pessoas e desfazer conflitos. O Pe. Fernando Eusébio foi sempre um traço de união. Nunca apreciou confrontos ou debates demolidores. Sempre primou pela serenidade do diálogo, pela suavidade dos gestos e pela tolerância fraterna.

Foi por isso um diretor apreciado e querido nas diversas casas salesianas: Arouca, Mogofores, Estoril, Vendas Novas, Évora e Funchal.

Muitos anos dedicou à paroquialidade. Sempre com o mesmo estilo: sorridente com todos, distinto nos gestos, simpático nas palavras, sereno e bom conselheiro daqueles que estavam à sua cura pastoral.

Depois de tantas lutas travadas a favor de jovens e menos jovens, chegou o momento de se confrontar consigo próprio e de travar a luta definitiva da sua vida aceitando combater a doença que se manifestou impiedosa e sem margens para dias melhores. Era um mal sem remédio. Manifestou-se seca, gélida e sem recato. À vista de todos.

Quando deu entrada no hospital era outra pessoa. Diferente no aspeto. Mas sempre com aquela nobreza que revestiu permanentemente a sua personalidade. E assim foi até ao fim.

Visitei-o a poucas horas do desfecho final. Estava rodeado pelo provincial, vice-provincial, diretor, salesianos e dois professores do Funchal. Olhos fechados. Mãos sobre o peito. Sorriso desenhado no rosto magro e sem cor. Disse-lhe quem era. Tentou olhar-me, viu-me e pronunciou o meu nome.

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Ao dizerem-lhe que rezávamos por ele, repetiu por três vezes, sorridente e em murmúrio de prece: Deus, amo-Te!

O Pe. Fernando Eusébio de Castro foi um salesiano entregue à sua missão de educador e um sacerdote sinal de Cristo pastor.

Os que nos são queridos não nos oferecem apenas o sorriso: oferecem-nos o tempo para chorarmos o que temos de chorar. 

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