Editorial do Boletim Salesiano n.º 587 de Julho/Agosto de 2021
A nossa presença em Cabo Verde, desde 1943, com muitas provas dadas na qualificação e formação de muitas gerações de filhos desse amado País, primeiro em São Nicolau e a partir de 1955 em São Vicente, tem sido marcada sobretudo pela atividade educativa através da Escola, completada com o trabalho paroquial e de animação espiritual das comunidades mais distantes, durante muitos anos.
Atualmente, pretende-se reforçar ainda a intervenção no âmbito social, procurando estreitar a relação com os habitantes mais carenciados, sobretudo os mais novos, com o compromisso de colaborar, no que estiver ao nosso alcance e for próprio do nosso carisma, para o bem de todos.
Por isso, apesar das dificuldades que possa haver, ousámos sonhar com mais um polo de intervenção salesiana, com as caraterísticas do “oratório”, em comunhão com a pastoral da Igreja local.
Surgiu, entretanto, a hipótese de se utilizar uma antiga construção abandonada (“Albergue da Ribeirinha”), que inclui algum espaço livre envolvente, na periferia da cidade do Mindelo, embora se encontre extremamente degradada. Curiosamente parece que teria sido o espaço que nos foi sugerido, há 66 anos, para fundar a nossa obra em São Vicente, e que não teria sido aceite por estar, nessa altura, demasiado retirado da cidade.
Estão em curso diligências com o Estado Cabo-verdiano em vista da cedência desse espaço para a implementação desse centro juvenil, onde funcionará um polo educativo e de formação, bem como o apoio social à comunidade mais desfavorecida e carenciada.
Sentimo-nos recuar no tempo, partilhar a santa ousadia de D. Bosco que, com poucos meios e muitas incertezas, mas com fé inabalável e uma confiança ilimitada em Nossa Senhora, avançava destemido: «Quando se trata do bem da juventude em perigo, ou de ganhar almas para Deus, eu avanço até à temeridade» (MB XIV, 662).
É hora de grande comunhão e ação da Família Salesiana. Daremos as mãos para erguer esta Obra. Os Antigos Alunos Salesianos, por exemplo, já abraçaram esta causa como sinal comemorativo do 150.º aniversário da sua Associação, e querem traduzir a sua gratidão em esperança para outros. É que essas crianças e jovens precisam mesmo de nós, e nós precisamos de “desafios que nos desafiem”!