Editorial do Boletim Salesiano n.º 597 de março/abril de 2023
O Papa emérito Bento XVI faleceu no dia 31 do passado mês de dezembro. Todos o lembramos, certamente, como um verdadeiro mestre de fé e como um pastor que entregou a vida pelo Povo de Deus. Podemos definir o pontificado de Bento XVI com uma palavra que a muitos pode parecer estranha: humildade. Desde o início do seu pontificado, o Papa deixara bem claro que esta seria a marca do seu serviço apostólico, apresentando-se ao mundo como um “simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor”.
A humildade é, certamente, a virtude dos fortes, dos que se deixam guiar por Deus e pelos seus desígnios de amor. Humildes são os que, colocando-se nas mãos de Deus, vivem a vida como missão por Ele confiada e a ela se entregam de coração, mesmo quando ela desafia a algo inesperado ou não desejado. Bento XVI pediu por várias vezes ao Papa João Paulo II para se retirar da vida pública e assim dedicar-se ao estudo e à oração. Tal não lhe foi concedido e por cinco vezes aceitou renovar o seu mandato como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Chamado a ser Papa, viveu a missão enquanto as forças lho permitiram e renunciou ao ministério petrino não para “fugir da cruz”, mas porque se apercebeu que os tempos conturbados que a Igreja vivia precisavam de uma mão mais jovem e firme. Bendita humildade que reconhece os caminhos de Deus em todas as suas manifestações e aceita percorrê-los com coragem!
Bento XVI soube também fazer-se próximo de todas as realidades da Igreja, acolhendo e promovendo a comunhão de todos os carismas que nela se manifestam. Foi assim também connosco, a Família Salesiana, a quem sempre demonstrou grande afeto e, ao mesmo tempo, uma profunda admiração e devoção pelo nosso fundador, São João Bosco. Em 2008, dirigiu aos Salesianos estas palavras de apreço e de desafio: “O tema escolhido para este Capítulo Geral é o mesmo programa de vida espiritual e apostólica que Dom Bosco fez seu: Da mihi animas, cetera tolle. Nele está encerrada toda a personalidade do grande Santo: uma profunda espiritualidade, o empreendimento criativo, o dinamismo apostólico, a laboriosidade incansável, a audácia pastoral e sobretudo a sua consagração incondicional a Deus e aos jovens. (…) O horizonte no qual se coloca este grande santo é o da primazia absoluta do amor de Deus”. Humildade e primazia absoluta a Deus são, então, a herança desafiante e necessária que nos deixa este grande Papa.
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