O pátio é um lugar especial no coração salesiano. Lugar de encontro, de proximidade e de amizade, terá certamente para cada um de nós um significado ainda mais especial dependendo da nossa missão pessoal. Eu, pessoalmente, gosto de imaginar o pátio como terreno principal da nossa missão de comunicadores salesianos. Porquê? Pensemos nas nossas presenças… Além de todas as características que acima referi, do pátio vemos a casa (que acolhe), a escola (que educa), e a paróquia (que evangeliza). O pátio é por isso o local de encontro não apenas de salesianos, leigos e jovens, mas de todas as dimensões do carisma salesiano. É o local perfeito para nós, comunicadores, que devemos ter uma visão da obra e da missão salesiana como um todo, mesmo que trabalhemos num ambiente específico. D. Bosco trabalhou toda a sua vida para formar “bons cristãos e honestos cidadãos”, não apenas bons cristãos ou apenas honestos cidadãos.
Nesta “nova” realidade, em que nos vimos repentinamente, o pátio não fechou – nem podia – porque é precisamente nos momentos mais difíceis e desafiantes que nos devemos encontrar, fortalecendo os laços que nos unem.
Com os pátios vazios nas nossas casas salesianas, encheram-se os pátios digitais nos quais nem sempre nos movemos tão à vontade. O medo, a falta de preparação, ou simplesmente velhos hábitos, criaram, em muitos de nós, resistências a uma mudança que não começou hoje, mas que só agora percebemos completamente: o pátio digital existe, está repleto de jovens, e nós temos que estar lá.
Em todos os nossos ambientes, a adaptação foi fantástica! Sem medos, tomou-se a iniciativa, surgiram ideias novas e intensificou-se a comunicação porque percebemos que, mesmo em casa, a missão salesiana não pode parar, e é necessário ir ao encontro dos jovens, tal como D. Bosco fazia, mas agora no continente digital.
Numa realidade em que a Comunicação, e especificamente a Comunicação Digital, assume um papel tão importante, a equipa de Comunicação da Fundação Salesianos continua a responder às solicitações das várias presenças salesianas, apesar de estar em regime de teletrabalho desde meados de março. O tipo de trabalhos que nos é pedido mudou – aumentaram os pedidos de materiais para divulgação online – mas a forma e as metodologias de trabalho mantiveram-se praticamente iguais: os pedidos continuam a chegar, são distribuídos pela equipa e continuamos a reunir com regularidade para planeamento e acompanhamento do trabalho.
O segredo desta passagem ao teletrabalho sem sobressaltos foi precisamente não forçar uma situação que já de si foi inesperada e bastante desestabilizadora. Todos estávamos habituados às ferramentas, às dinâmicas da equipa e tínhamos as condições para cumprir bem o nosso trabalho.
Tal como nós, praticamente todos passaram por esta situação, e, apesar de tudo, tem sido muito interessante ver este esforço de “digitalização” da comunicação salesiana e dos procedimentos nas nossas casas. Acredito que percebemos finalmente que é preciso estar, sem medos, onde os jovens estão: no pátio digital.
Reparem que ao longo do texto nunca utilizei o termo “virtual”. Um objeto ou uma situação virtual é que algo não existe na realidade, que é suscetível de se realizar, o que não se aplica de forma alguma à forma como experienciamos a internet e as redes sociais, onde existem milhões de comunidades digitais, mas bem reais.
Não nos enganemos, o contacto digital não substitui o contacto físico, os olhares e os afetos, mas pode, sem dúvida, ser um novo “sabes assobiar?”.
Como tem sido o teletrabalho para os membros da equipa
Para mim tem sido bastante fácil trabalhar a partir de casa. Mantive a minha rotina e horários pessoais e acredito que isso também me tem ajudado no trabalho e a manter a calma neste período de confinamento. Como sempre trabalhámos “na cloud”, trabalhar no escritório ou em casa acaba por ser igual.
Miguel Mendes
Fazer esta experiência de teletrabalho, numa situação de angústia e crise global, apartado de uma Equipa incrível e em situação de confinamento… foi desafio, foi conquista e foi um regresso ao fundamental e ao meu centro de gravidade, a Família.
Nuno Quaresma
Foi desafio a todas as minhas certezas sobre como trabalhar dentro de uma Organização e a conquista de me ver renovado, transformado: pelo Amor dos meus, pela Consciência viva da importância do Outro, e pela Esperança, criatividade e liderança sólida de uma Casa em que também se vive, educa e cuida, com proximidade, quando estamos unidos na distância.
Foi essencial a forma como o coordenador, com a equipa, anteciparam e prepararam a passagem para o teletrabalho. Permitiu manter o ritmo de trabalho desde o primeiro dia e o cumprimento dos objetivos. A publicação regular de notícias do dia a dia das escolas e das obras salesianas tem sido possível graças à disponibilidade de muitos colaboradores das várias casas salesianas, dando a conhecer a Professores, Alunos, Encarregados de Educação, Salesianos e Comunidades Educativas em geral, o grande empenho e esforço com que todos estão a cumprir as suas funções mesmo em circunstâncias tão singulares. Graças a vários colaboradores, desde a planificação à produção, também o Boletim Salesiano chegou a casa dos assinantes, como aguardado, na data prevista.
Raquel Fragata
Redescobri o sentido do carpe diem e por isso agradeço cada vez mais o dom da vida.
Rui Madeira