Editorial do Boletim Salesiano n.º 590 de Novembro/Dezembro de 2022
Por ocasião do 4.º centenário da morte de S. Francisco de Sales (1622), o Reitor-Mor leva-nos à nascente do espírito salesiano de Dom Bosco, que determinou o nosso estilo educativo e evangelizador: «Chamar-nos-emos Salesianos».
Dom Bosco admirava muito este santo e inspirava-se nele. Aquando da ordenação sacerdotal, decidiu: «A caridade e a doçura de S. Francisco de Sales hão de guiar-me a todo o momento». E nas Memórias do Oratório declara: «[O oratório] começou a chamar-se de S. Francisco de Sales […] porque, exigindo-se na maior parte daquele ministério grande calma e mansidão, nos havíamos colocado sob a proteção deste santo, a fim de que nos obtivesse de Deus a graça de o poder imitar na sua extraordinária mansidão e na sua conquista das almas».
Francisco de Sales nasceu em 1567, numa nobre família de Sabóia. Realizou os estudos superiores em Paris, dedicando-se também à teologia, e na Universidade de Pádua fez os estudos de jurisprudência. Vencendo as resistências do pai, Francisco seguiu o chamamento do Senhor e, em 1593, foi ordenado sacerdote. Em 1602 foi instituído como Bispo de Genebra, num período em que a cidade era uma fortaleza do Calvinismo, a tal ponto que a sede episcopal se encontrava «no exílio», em Annecy.
Foi apóstolo, pregador, escritor, homem de oração e de ação. Mas, sobretudo, Francisco de Sales foi guia de almas. Escreverá um dos livros mais lidos na era moderna, a Introdução à Vida Devota. Da sua profunda comunhão espiritual com S. Joana Francisca de Chantal nascerá a nova Ordem da Visitação, caraterizada por uma consagração total a Deus, vivida na simplicidade e na humildade, a cumprir extraordinariamente bem as tarefas ordinárias. Lendo o seu Tratado do Amor de Deus e ainda mais as numerosas cartas de guia e de amizade espiritual, compreende-se bem como S. Francisco de Sales foi um grande conhecedor do coração humano. A Joana de Chantal escreve: «fazer tudo por amor, nada à força» (Carta, 14 de outubro de 1604). Não é por acaso que, segundo afirmou o Papa Bento XVI, na origem de muitas formas da pedagogia e da espiritualidade do nosso tempo, encontramos precisamente o vestígio deste mestre, sem o qual não teriam existido S. João Bosco, nem o heroico «pequeno caminho» de S. Teresa de Lisieux.
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