Paixão educativa e evangelizadora: quatro rapazes e um sonho

Mensagem do Reitor-Mor aos leitores do Boletim Salesiano.

Queridos amigos e amigas, queridos amigos de Dom Bosco, leitores do Boletim Salesiano, instrumento humilde de comunicação salesiana tão caro a Dom Bosco, seu fundador, estou a escrever de Roma.

Pouco antes de começar a escrever estas linhas, celebrei a Eucaristia juntamente com o Conselho Geral da Congregação Salesiana, nas “Camerette”, isto é, num espaço que era uma sala e uma capela com um pequeno altar da época, em que Dom Bosco celebrou a Missa até 17 de maio de 1887. Faleceu em Turim alguns messes depois, a 31 de janeiro de 1888.

Valdocco, Itália: O Reitor-Mor participou nas Jornadas de Espiritualidade da Família Salesiana, de 16 a 19 de janeiro. No palco do teatro de Valdocco, dois jovens do Oratório de Aleppo, Cesar e Sally, acompanhados pelo Pe. Pierre Jabloyan, falaram sobre as atividades do Oratório mesmo durante a guerra

Naquele espaço pequeno, modesto e recolhido, o meu pensamento voou por instantes não só para as últimas eucaristias celebradas por Dom Bosco durante a sua última estadia em Roma, entrecortadas de preocupações e de lágrimas, mas noutros aposentos, ainda mais modestos, em Turim, onde, na noite de 26 de janeiro de 1854, enquanto na cidade um frio polar enregelava e as pessoas se apressavam embrulhadas em pesadas capas, Dom Bosco falava a quatro jovens que escutavam de olhos esbugalhados as suas palavras: «Prometo-vos que Nossa Senhora nos há de proporcionar oratórios amplos e espaçosos, igrejas, casas, escolas, oficinas…» Estas “profecias”, anos antes, fizeram correr o risco de ser internado no manicómio.

Os quatro eram apenas rapazolas, mas tinham uma confiança ilimitada em Dom Bosco. Entre aqueles quatro estavam as pedras fundamentais da Congregação Salesiana.

Pamplona, Espanha: O Pe. Ángel participou no dia 28 de janeiro na inauguração da escola “Salesianos Pamplona”, em Sarriguren-Valle de Egües

Tenho na mão um documento histórico que é um pequeno pedaço de papel de 10,5 centímetros de comprimento por 5 de largura escrito por um daqueles rapazes. O autor é o jovem Miguel Rua. E naquele pequeno pedaço de papel escreveu quanto segue: «Na noite de 26 de janeiro de 1854, reunimo-nos nos aposentos de Dom Bosco: o próprio D. Bosco, Rocchietti, Artiglia, Cagliero e Rua, e foi-nos proposto fazer, com a ajuda do Senhor e de S. Francisco de Sales, uma prova de exercício prático da caridade para com o próximo a fim de chegar a uma promessa; e depois, se for possível e conveniente, fazer dela um voto ao Senhor. Desde essa noite foi dado o nome de Salesianos àqueles que se propuseram tal exercício».

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Três dos quatro (Rocchietti, Cagliero e Rua) tornaram-se salesianos.

Fora, o vento gelado assobiava em redor do “Rondò della Forca”. Naquele momento sucediam-se no mundo acontecimentos de grande importância: Karl Marx escrevia O Manifesto Comunista; na  América, Samuel Colt inventava o super-revólver; a poucas centenas de metros daqueles aposentos, Camillo Cavour assinava a lei de encerramento de 337 conventos; e nos bairros militares os soldados preparavam-se para a estúpida e cruel guerra da Crimeia.

Valdocco, Itália: Vários grupos de jovens peregrinos festejaram o dia de Dom Bosco, em Valdocco com o Reitor-Mor

Todavia, enquanto o mundo nada sabia, aquele jovem padre e os seus quatro rapazes criavam uma “start up” que não deixou de crescer e de realizar maravilhas.

É admirável que esta pequena ata tenha chegado até nós, mas o que é verdadeiramente admirável e prodigioso é a intuição e a visão deste grande homem santo que é Dom Bosco, com um coração cheio de paixão educativa e evangelizadora pelos seus rapazes.

Caracas, Venezuela: De 6 a 11 de fevereiro, o Reitor-Mor visitou várias obras salesianas onde se encontrou com a família salesiana, salesianos e jovens

O Espírito Santo fez levedar aquele primeiro encontro com quatro dos seus rapazes, até à Congregação e à Família Salesiana de hoje, que está difundida em 136 nações do mundo, para cuidar de rapazes, raparigas, adolescentes e jovens, sobretudo dos muitos que a nossa sociedade esquece. Um folheto escrito por um rapaz de dezassete anos. De facto, a nossa história não podia ter início mais humilde. Que testemunha também o incrível “génio”, moderníssimo também nisto, de Dom Bosco: uma congregação para os jovens fundada por jovenzinhos.

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