Ucrânia: “Ouçam as vozes das crianças que estão a morrer “

Há anos que conheço o pe. Anatoliy e muitos outros salesianos na Ucrânia que visitei pessoalmente. A obra salesiana centra-se na cidade de Lviv e há pouco tempo tinha-se iniciado a construção de uma escola em Kiev.

Por amizade e solidariedade escrevo todos os dias um whatsapp de esperança e ânimo possível aos irmãos salesianos. De vez em quando o pe. Anatoliy responde… “hoje à nossa volta era só bombas, bombas, bombas…”, “ontem à noite não cabia mais ninguém nos subterrâneos das nossas Igrejas de Lviv ficando gente de fora”… Nada que não tenhamos visto nos media. Mais forte foi a última mensagem, um texto longo, onde fala dos nossos destinatários, os jovens mais pobres e os abandonados. Partilho com emoção estas palavras que vêm do terreno:

“Ouçam as vozes das crianças que estão a morrer em consequência do bombardeamento! Ouçam! Ninguém pode esconder ou permanecer em silêncio sobre o facto de que as tropas russas invadiram a Ucrânia e que durante quinze dias de guerra não só se terem comportado cruelmente para com civis, mas também por terem matado deliberadamente crianças. Estão a bombardear maternidades, jardins-de-infância e escolas com mísseis. Isto não é mais do que a demonstração da vontade de destruir a nação ucraniana, de destruir o seu futuro. Milhares de crianças e jovens são obrigados a fugir dos bombardeamentos e a esconderem-se em caves abandonadas e dilapidadas, permanecendo lá durante dias a fio ao frio, sem luz, com um mínimo de comida e água. Milhares de pessoas, incluindo crianças e jovens, sofreram traumas psicológicos devido ao medo da morte e à luta pela vida. Nós, Salesianos e Família Salesiana, não podemos permanecer em silêncio nestes momentos trágicos em que o agressor ataca e viola vidas inocentes. Devemos gritar, narrar a todo o mundo civilizado estes atos barbáricos e horríveis. Ouçam as vozes das crianças que estão a morrer em consequência dos bombardeamentos! Só nós é que os protegemos! É a eles que somos enviados e aqui permaneceremos. Não devemos ter medo de dizer a verdade. Os líderes mundiais têm que conhecer estes horrores. Unamo-nos para proteger as crianças não só com a oração, mas também em ações concretas. Ajudem-nos! Obrigado a todos pelo vosso apoio e ajuda. Juntos somos fortes!”.

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Pe. Tarcízio Morais


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